Abril 26, 2024

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Destaque: cenário da oferta de energia elétrica no Brasil

Destaque: cenário da oferta de energia elétrica no Brasil

As empresas de distribuição de energia do Brasil estão enfrentando um momento tenso com a expansão da capacidade de geração distribuída (GD) e os consumidores migrando para o mercado livre (não regulado).

Essa situação agravou o excedente de energia empregado em leilões anteriores (contratos legados) em meio a baixos níveis de crescimento do consumo de energia.

Já a redução das hidrelétricas da Eletrobras pode aumentar ainda mais a oferta de energia elétrica no mercado regulado – com rápido aumento da capacidade de geração renovável – em um momento em que os preços de curto prazo estão baixos.

Além disso, muitas concessões de fornecimento estão prestes a expirar e haverá incerteza até que o governo central emita regras sobre o processo.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse recentemente que as renovações das concessões exigem investimentos na qualidade do serviço. Segundo Silveira, é preciso melhorar a eficiência energética e o atendimento aos clientes de baixa e média tensão no setor de distribuição.

As concessionárias de energia como Light e Enel no Rio de Janeiro, cujas concessões expiram em 2026, registraram altas perdas de energia devido a ligações ilegais, e a primeira enfrenta restrições financeiras – fatores que as autoridades consideram no processo de renovação.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o prazo para abertura de audiência pública sobre as regras é 22 de maio.

Para saber mais sobre o cenário, a BNamericas conversou com Marcos Madureira (na foto, à esq.), presidente da Associação de Distribuidores Abradee; Alexei Vivan (ao centro), sócio do escritório de advocacia Schmidt Valois Advogados e CEO da ABCE, associação das empresas de energia; e Camila Santiago, sócia do escritório Villemor Amaral Advocates.

BNamericas: Todos os consumidores de alta tensão migrarão para o mercado livre em 2024, seguidos pelos consumidores de baixa tensão talvez em 2028, afetando a rentabilidade e os investimentos do negócio de distribuição?

Madurera: Você deve entender que o negócio de distribuição está conectado. As distribuidoras passam por leilões para comprar energia e entregá-la aos consumidores. Portanto, não há lucro para as distribuidoras do setor de energia.

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Se o consumidor livre continuar pagando o preço da rede, tudo bem. O problema é que há desequilíbrio entre os mercados. Um mercado regulado tem custos que não são compartilhados com um mercado livre. Uma delas é que toda a energia termelétrica instalada no país é contratada por meio de leilões regulados. A energia nuclear também é suportada por um mercado regulado, enquanto a energia hidrelétrica é. Assim, um desvio crítico é criado.

Um segundo problema é que a mudança para um mercado livre deixa um excedente de energia com os distribuidores, conhecido como contratos legados. Se naquela época, [free market reference price] O PLD está baixo, a conta é para o consumidor pagar no mercado regulado.

Um terceiro ponto são os incentivos oferecidos aos migrantes do mercado livre. Por exemplo, descontos para ele [distribution system use rate] TUSD e [transmission system use rate] TUST para compradores de energias renováveis, renováveis. E compensa [consumer-supported energy development account] CDE.

Uma grande preocupação das distribuidoras é o custo das tarifas de energia. À medida que aumentam, vemos perdas não técnicas, como aumento da inadimplência e roubo de energia.

Vivo: Não acredito no impacto na rentabilidade da distribuição, porque a margem, o salário das distribuidoras não vem da venda de energia, mas da disponibilidade delas. Transporte e distribuição Infraestrutura, ou seja, a taxa de utilização do sistema de distribuição. Mesmo que os clientes migrem para o mercado livre, eles permanecerão conectados às redes de distribuição e, portanto, pagarão à distribuidora pelo uso da rede.

Santiago: Certas medidas devem ser implementadas para mitigar os problemas relacionados à abertura do mercado. De acordo com um estudo realizado pela EY Brasil com [power trader association] A Abraceel defende que, até novembro de 2022, as distribuidoras terão mecanismos regulatórios adequados para administrar os contratos de energia excedente. Exemplos incluem um mecanismo de eliminação da concorrência, que visa reduzir o tamanho dos contratos legados por meio de um megaleilão e liberar a energia contratada no mercado regulado para o mercado livre.

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Da mesma forma, o Congresso analisa o plano para ratear o custo da sobrecontratação ou exposição involuntária como resultado da migração entre ambientes de negócios.

Existem ainda outros fatores para garantir a sustentabilidade do novo modelo, como a repartição equilibrada dos custos de fiabilidade e segurança entre os dois mercados, a redução dos subsídios, a desagregação da oferta e o desenvolvimento da comercialização regulada e dos distribuidores atualmente efetuados pelos distribuidores. Mecanismos de Gestão da Carteira de Contratos de Energia.

Em suma, a resposta à pergunta acima depende dos arranjos regulatórios que estão sendo implementados. Cada mudança gera um certo receio no mercado e gera a necessidade de adaptações, mas, até o momento, qualquer questionamento é urgente.

BNamericas: A entrada massiva da GD mudará as prioridades de investimento das distribuidoras para atualizar primeiro as subestações e depois focar em linhas ou rede?

Madurera: Maior contrato é resultado da expansão da GD com maiores subsídios. A DG não paga pelo uso dos sistemas de distribuição e transmissão e não contribui para a CDE.

Devido ao tamanho que a GD já representa, acima de 20GW, alguns desafios relacionados começam a aparecer. Já são necessários investimentos para compensar a reversão da corrente e manter os parâmetros de qualidade das redes.

Em alguns locais, quando há mais geração solar, carga leve e pico, quando há menos geração solar, já está causando problemas na rede elétrica nacional.

Por outro lado, há transições de geração e, às vezes, quando não há controle de gestão da GD, é necessário desconectar outras fontes de geração, como a hídrica, porque não há sistema para transmitir essa energia.

E quando o GD sai, pode causar problemas sistêmicos, resultando em escassez e corte de carga.

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As distribuidoras têm investido muito em manutenção, por isso os indicadores de qualidade têm crescido. O problema é que o mercado não está crescendo, então está aumentando as tarifas de eletricidade.

BNamericas: Existe alguma preocupação com alterações politicamente motivadas nas regras de revisão ou reajuste tarifário de energia, como aconteceu em 2012/13?

Madurera: Espero que não. Nosso medo é sobre os preços da energia. Quando esses custos se tornam muito altos para os consumidores regulados, começam os movimentos no Congresso para bloquear esses aumentos.

Vivo: Acredito que o governo central e a sociedade aprenderam muito com o desastre do setor elétrico [decree] A MP 579 foi editada sem prévia e extensa discussão com especialistas e sociedade.

Nosso foco é mudar as regras devido à interferência política, que geralmente não é favorável ao setor e à atração de investimentos.

Propostas de mudanças na revisão de tarifas de energia e regras de ajuste não são incomuns e geralmente são recomendadas [regulator] Aneel, mas com base em critérios técnicos. Mesmo essas mudanças geralmente encontram resistência quando são feitas sem discussão prévia e prazo de implementação para trazer insegurança jurídica e instabilidade regulatória.

Santiago: [The] O plano do governo prevê uma ‘política fixa de racionamento’. A expectativa é de continuidade das diretrizes atuais sobre temas importantes como a renovação das concessões das distribuidoras, e não há chance de distorções como a MP 579, cujo objetivo era cortar tarifas, tem causado fortes transtornos no setor.

Não espero nenhuma mudança nas regras de revisão tarifária de energia. Até o momento, as diretrizes do governo seguem no sentido de acelerar a transição energética, com a promessa recente de lançar editais para contratação de energia solar e eólica equivalente à capacidade de produção de grandes hidrelétricas.