Maio 4, 2024

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Por que o Brasil perdeu sua atratividade para investimentos em energia renovável

Por que o Brasil perdeu sua atratividade para investimentos em energia renovável

O Brasil caiu quatro posições para a 13ª posição no Índice de Atratividade do País de Energias Renováveis ​​(Recai) publicado pela EY nesta segunda-feira.

Produzido desde 2003, o Recai é o 40º dos principais mercados do mundo para atrair investimentos em energia renovável e oportunidades de implementação.

Apesar da queda no ranking geral, o Brasil continua liderando a América Latina em termos de capacidade instalada de energia renovável com 158 GW em 2021. Apenas 58% da eletricidade total gerada no país é hidrelétrica.

Assim como aconteceu em 2021 e em outras ocasiões, a dependência da energia hidrelétrica torna o Brasil vulnerável à seca. Para remediar a situação, o país está intensificando seus esforços para direcionar alternativas não convencionais de energia renovável, ao mesmo tempo em que promove a abertura do mercado, e os consumidores começam a ter acesso a um leque mais amplo de opções.

Nesse sentido, a energia eólica vem ganhando importância, respondendo por 11% da capacidade total do país. Isso porque há capacidade interna para produzir sistemas de geração de energia eólica e as empresas que operam no Brasil são muitas vezes financiadas por bancos de desenvolvimento como BNDES e Banco do Nordeste (BNB).

Por outro lado, como os painéis solares são importados, principalmente da China, isso inviabiliza o câmbio para as empresas e o financiamento por bancos de desenvolvimento.

A parceira de sustentabilidade da EY, Elanne Almeida, conversou com a BNamericas do Chile sobre as perspectivas de investimento em energias renováveis ​​no Brasil.

BNamericas: Quais são os principais motivos da queda do Recoil no Brasil?

Almeida: Antes de mais nada, é importante dizer que estar no top 15 ainda é uma excelente posição. O Brasil foi bem administrado em 2016. O ano passado foi um período muito complicado devido à seca no Brasil e à proximidade de um ano eleitoral, o que afeta a percepção do mercado de quão lucrativo e viável é investir no Brasil neste momento. Recai semestralmente, sua análise abrange os meses de outubro a maio, então é um quadro bem específico.

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O Chile tem um plano de longo prazo para reduzir sua parcela de combustíveis fósseis e, por causa da seca, teve que reiniciar suas barulhentas unidades de queima de carvão. No Brasil, era visto como algo que afetaria a segurança e a estabilidade energética do país.

Consideramos fácil ou não fazer negócios no setor de energia no Brasil. E classificado pela facilidade de instalação de PPAs [power purchase agreements], a posição do Brasil era relativamente baixa. Esta é uma mensagem para o governo de que são necessários mecanismos mais flexíveis e inteligentes para fazer negócios e incentivar investimentos. Hoje, é mais fácil fazer negócios na Índia do que no Brasil.

Por outro lado, o Brasil se posicionou bem em termos de maturidade de mercado e potencial de longo prazo.

BNamericas: Quais são as chances? O que pode ser feito para recuperar posições perdidas?

Almeida: Vou me basear no que os países que subiram significativamente nos rankings nos últimos anos têm feito. Primeiro, por parte do governo determinar uma política de longo prazo muito clara, com as medidas apolíticas necessárias para promover e aumentar o investimento no mercado de energia no longo prazo.

Em seguida, defina metas claras para cada geração, seja solar fotovoltaica, eólica ou hidrogênio. O Chile, neste momento, tem uma lista dos próximos leilões por regiões e tipos de energia. É importante respeitar esse detalhe. O leilão foi cancelado aqui este ano [in Chile]E isso gerou pessimismo, pois conforme o mercado se preparava, as empresas se mobilizavam e desenvolviam estratégias financeiras.

Também é importante ter objetivos claros de investimento. Os EUA anunciaram US$ 369 bilhões para investir em energias renováveis ​​nos próximos 10 anos. Este é um ótimo sinal. Assim, os investidores podem planejar com antecedência sabendo que haverá apoio do governo.

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BNamericas: O Brasil tem um plano de 10 anos, PDE, e um plano de longo prazo, PNE. E os leilões geralmente acontecem dentro do cronograma. Na verdade o que mais tem afetado o país é a seca e a instabilidade política e econômica…

Almeida: Concordo, mas acredito que há uma maior falta de articulação entre as instituições políticas e os agentes do mercado. No Chile, existe um plano com metas de redução de emissões de gases e prevê o desenvolvimento de fontes renováveis. O país tem um Programa Nacional de Energias Renováveis ​​e um Programa Nacional de Hidrogênio. O Ministério das Finanças tem um guia para mercado, investidor do mercado de ações e comissão de ações [regulator], e que os bancos comecem a se educar e rever os planos de alinhamento com a matriz renovável. Há planos para aumentar o número de veículos elétricos, verdes, empreendimentos imobiliários plug-in para veículos elétricos e instalação de pontos de carregamento nas rodovias. Não é apenas o Ministério de Minas e Energia, mas um conjunto de ministérios trabalhando juntos.

BNamericas: Com a turbulência geopolítica, a segurança energética voltou a ser cada vez mais importante e é um tema que historicamente esteve sob o guarda-chuva dos estados-nação, embora em parceria com empresas privadas. Por exemplo, a França decidiu recentemente nacionalizar totalmente a EDF. No entanto, o relatório diz que o México está escolhendo um caminho perigoso ao promover reformas que aumentam o controle estatal. Como você vê a estratégia brasileira? A mudança de regime pode reverter essa tendência?

Almeida: Os casos do México e da Argentina mostram como as ações dos governos afetaram a disposição dos mercados para investir. Acho que se os governos falam em nacionalização, a consequência natural é se afastar dos investidores privados.

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