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Análise: Militares do Brasil não são obstáculo para terceiro mandato de Lula, dizem ex-generais, analistas

O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva participa de um evento com intelectuais e artistas no Rio de Janeiro, Brasil 18 de dezembro de 2019. REUTERS / Ian Cheibub

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BRASÍLIA, 1º de fevereiro (Reuters) – As Forças Armadas do Brasil respeitariam uma vitória do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial deste ano, disseram dois generais aposentados à Reuters, somando-se aos recentes sinais de militares se distanciando do projeto político de O atual presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, trouxe um número sem precedentes de oficiais militares para seu governo, incluindo cargos importantes no gabinete. Ele também questionou a credibilidade do sistema de votação do Brasil, levantando temores de que pode não aceitar a derrota nas eleições de outubro, como fez seu colega político, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, nos Estados Unidos.

Isso concentrou especulações sobre como as forças armadas reagiriam, dado o forte apoio de base à eleição de Bolsonaro em 2018 e uma desconfiança histórica de Lula e seu Partido dos Trabalhadores.

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As preocupações com a interferência do exército nas eleições decorrem da brutal ditadura militar de 21 anos do Brasil que terminou em 1985, após a qual o país estabeleceu regras para separar as forças armadas da política.

“Quem vencer as eleições governará o Brasil. Não há outra alternativa senão respeitar a vontade do povo”, disse o general aposentado Carlos Alberto dos Santos Cruz, que serviu como ministro de Bolsonaro por cinco meses em 2019, mas foi demitido após cair sair com o presidente.

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“Não consigo imaginar as forças armadas se comportando de outra forma”, disse Santos Cruz em entrevista na semana passada.

Analistas políticos e um ex-ministro da Defesa disseram que o prestígio dos militares pagou um preço, pois Bolsonaro borrou a linha entre seu governo e as Forças Armadas. Uma economia fraca e o mau manejo da pandemia de coronavírus por parte do presidente cético em relação às vacinas estão elevando suas taxas de rejeição e as primeiras pesquisas de opinião mostram que Lula poderia varrer a eleição com facilidade.

Os mandatos de vacina contra a COVID-19 se tornaram uma barreira entre Bolsonaro e o que ele frequentemente chama de “meu exército”, personalizando a instituição pública.

A liderança do Exército exige que as tropas sejam vacinadas; e o chefe da agência reguladora de saúde Anvisa, almirante aposentado Antonio Barra Torres, escreveu uma carta aberta ao presidente pedindo que ele retire as críticas a sua equipe por autorizar a vacinação de crianças contra o coronavírus.

“As recentes declarações sobre vacinas mostram que Bolsonaro não conseguiu impregnar as Forças Armadas com sua ideologia de extrema direita”, disse o ex-ministro da Defesa Celso Amorim.

Amorim, que também foi chanceler de Lula de 2003 a 2010 e continua assessorando sua candidatura, disse que não está preocupado com a possibilidade de os militares bloquearem um terceiro mandato do ex-sindicalista.

Como presidente, Lula resistiu aos apelos da esquerda para processar membros dos líderes das Forças Armadas pelos crimes da ditadura militar de 1964-1985. Ele também supervisionou gastos ambiciosos em caças, submarinos e tanques, observou Amorim.

“Bolsonaro tentou cooptar os militares, mas não conseguiu”, disse.

‘ERROS BRUTOS’

O general aposentado Otavio Rego Barros, porta-voz de Bolsonaro até ser demitido sem substituição em 2020, disse em coluna na semana passada que os militares não eram responsáveis ​​pelos “erros grosseiros” do governo Bolsonaro.

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“As Forças Armadas estão se reafirmando como instituição estatal, afastada da política partidária”, escreveu Rego Barros.

Na segunda-feira, o comandante da Força Aérea Brasileira, Carlos de Almeida Baptista Junior, disse ao jornal Folha de S.Paulo que os militares não têm partido e “saudarão” quem se tornar seu comandante-chefe na próxima eleição presidencial.

Outro oficial aposentado, o general Paulo Chagas, que fez campanha para Bolsonaro em 2018, disse à Reuters que muitos de seus colegas se irritaram com o presidente, pois ele parecia não estar à altura da plataforma anticorrupção em que concorreu.

“Para evitar o impeachment ele teve que se aliar a políticos que ele chamava de ladrões e eles o chamavam de fascista”, disse Chagas. Ele disse que apesar do ceticismo dos militares em relação a Lula, as Forças Armadas reconheceriam uma vitória eleitoral justa como tal.

Alguns generais pensaram que poderiam manter Bolsonaro sob sua tutela ao ingressar em seu governo, mas aconteceu o contrário, segundo Creomar de Souza, da consultoria de risco político Dharma. “Ele os fez se curvar. Aqueles que não concordaram saíram ou foram demitidos”, disse ele.

André Cesar, analista político da Hold Legislative Advisors, concordou que muitos militares assinaram que estão “bastante desgostosos” com a liderança política de Bolsonaro.

“Vejo o exército procurando uma saída honrosa dessa armadilha em que caiu com o governo Bolsonaro”, disse.

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Reportagem de Anthony Boadle; Edição por Brad Haynes e Aurora Ellis

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