Maio 5, 2024

FVO Site

Encontre as últimas notícias do mundo de todos os cantos do globo no site FVO, sua fonte online para cobertura de notícias internacionais.

Acionistas minoritários condenam brasileiros-americanos por ‘fraude multibilionária’

Acionistas minoritários condenam brasileiros-americanos por ‘fraude multibilionária’

Por Rodrigo Beam Gaier

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) – Um grupo que representa acionistas minoritários apresentou uma queixa contra a Americanas SA ao órgão regulador de valores mobiliários do Brasil nesta sexta-feira, dizendo que a varejista revelou “irregularidades contábeis” totalizando 20 bilhões de reais (3,89 bilhões de dólares).

A associação de Aberdeen disse que condenou o que chamou de “fraude multibilionária” contra os americanos, ao mesmo tempo em que pediu ao regulador CVM que investigasse o auditor do varejista, PwC.

As ações da American caíram mais de 75% na quinta-feira, perdendo R$ 8,4 bilhões em valor de mercado, depois que o presidente-executivo da empresa, Sergio Rial, renunciou alegando irregularidades.

“Chamar isso de ‘contradições’ nada mais é do que uma tentativa de usar um eufemismo para uma fraude multibilionária que não apenas destruiu os ativos dos acionistas, mas também minou a credibilidade do mercado de capitais brasileiro”, disse Abradin em documento visto pela Reuters.

As ações da empresa subiram 9% no pregão da manhã desta sexta-feira, após caírem 0,7% no dia anterior.

A American e a PwC não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

A CVM já havia anunciado que abriria três investigações sobre a varejista. Enquanto isso, a empresa criou um comitê independente para investigar o assunto.

Rial, em reunião com investidores na quinta-feira, atribuiu as discrepâncias a diferenças no custo de financiamento de empréstimos bancários e no cálculo da dívida com fornecedores. No entanto, os contadores ainda estão tentando descobrir os detalhes.

“O que chama muita atenção é a dimensão do problema. Não é fácil esconder R$ 20 bilhões”, disse Eric Barreto, professor do Insper em São Paulo. “Se as operações estavam no balanço, era uma questão de apresentação. Mas não sei se estavam totalmente no papel.”

READ  Um plano para perfurar petróleo no estuário do rio Amazonas foi rejeitado pelo regulador ambiental do Brasil

A Americanas há muito é controlada por três bilionários brasileiros que fundaram a 3G Capital. Suas lojas são onipresentes nos shoppings brasileiros, e a unidade de e-commerce da empresa é uma das maiores varejistas online do país.

Analistas e gestores de fundos debatem apaixonadamente as chamadas “contradições”.

“O mercado (incluindo nós) ainda não entende totalmente quais são as implicações totais para os americanos”, disseram analistas do JP Morgan em uma nota de pesquisa, citando a falta de comunicação consistente da empresa.

A American disse na quarta-feira acreditar que o impacto monetário das irregularidades não era material quando divulgou o assunto, embora investigações internas e trabalhos de auditores independentes ainda sejam necessários.

Fabio Alperowitch, gerente da FAMA Investimentos, disse que vendeu sua posição na Americanas em 2019 por causa da “opacidade” de suas demonstrações financeiras.

“Todas as evidências de má conduta estão lá”, ele twittou.

“Acho que este é o maior escândalo que já vi no mercado de ações brasileiro”, disse James Gulbrandson, diretor de investimentos da NCH Capital na América Latina, em entrevista.

(US$ 1 = 5,1436 aumentos)

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, Andre Romani e Gabriel Araujo; Edição de Mark Porter)