Maio 18, 2024

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Um plano para perfurar petróleo no estuário do rio Amazonas foi rejeitado pelo regulador ambiental do Brasil

Um plano para perfurar petróleo no estuário do rio Amazonas foi rejeitado pelo regulador ambiental do Brasil

O regulador ambiental do Brasil se recusou a conceder uma licença para um controverso projeto de perfuração de petróleo offshore perto da foz do rio Amazonas, provocando comemoração de ambientalistas que alertaram sobre seu potencial impacto.

RIO DE JANEIRO – O regulador ambiental do Brasil rejeitou uma licença para um controverso projeto de perfuração de petróleo perto da foz do rio Amazonas, atraindo forte oposição de ativistas que alertaram que isso poderia causar danos à região.

O chefe da agência, Rodrigo Agostinho, destacou as preocupações ambientais ao anunciar na noite de quarta-feira a decisão de rejeitar o pedido da estatal Petrobras para perfurar o bloco FZA-M-59. Ele citou “um monte de discrepâncias técnicas” no aplicativo da empresa.

Com a produção atual do Brasil chegando ao pico nos próximos anos, a Petrobras tem procurado garantir mais reservas na costa norte do Brasil. A agência dedicou quase metade de seu orçamento de exploração de US$ 6 bilhões para cinco anos na região.

O CEO Jean-Paul Prates disse que o primeiro poço seria temporário e que a empresa nunca havia experimentado um vazamento durante a perfuração offshore. A empresa não confiou no órgão ambiental.

“Não há dúvida de que a Petrobras deu todas as oportunidades para consertar os pontos críticos de seu projeto, mas ainda apresenta chances preocupantes de operação segura em uma nova zona de exploração com alto impacto socioambiental”, escreveu Agostinho em sua decisão.

A área única e biodiversa é uma área pouco estudada de manguezais e recifes de corais, e ativistas e especialistas disseram que o projeto pode levar a derramamentos que podem afetar o ambiente sensível.

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Oitenta organizações da sociedade civil e ambientais, incluindo WWF Brasil e Greenpeace, pediram que a licença fosse rejeitada e aguardasse uma análise aprofundada.

Caetano Scannavino, coordenador do Health and Happiness, grupo amazônico sem fins lucrativos que apoia projetos sustentáveis ​​na bacia do Tapajós, parabenizou Agostinho no Twitter, “por não ceder à pressão, pedir mais estudos e priorizar a ciência a serviço da coletividade . “

“É uma área sensível e pouco estudada e não há espaço para erros”, acrescentou Scanavino. “Sem mencionar a promessa do governo de um futuro descarbonizado.”

A Climate Watch, uma rede ambiental sem fins lucrativos, também aplaudiu a decisão, dizendo: “Agostino está protegendo um ecossistema quase desconhecido e mantendo a coerência do governo Lula, que prometeu liderar em seu discurso. Lute contra a crise climática.”

Durante a primeira presidência de Luís Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, grandes descobertas marinhas tornaram-se um meio de financiar programas de saúde, educação e bem-estar. Alguns membros de seu Partido Trabalhista continuam a ver o petróleo como um meio de garantir o progresso social.

O ministro da Energia, Alexandre Silveira, chamou a região norte do Brasil de “passaporte para o futuro” para o desenvolvimento em março. Em seus comentários anteriores, Lula usou a mesma frase para descrever as descobertas de petróleo offshore na área do pré-sal.

Mas Lula tem procurado demonstrar a consciência ambiental que tem ao fazer parte da campanha para derrubar Jair Bolsonaro e voltar à presidência no ano passado com a proteção da Amazônia.

Ativistas e especialistas alertaram que a aprovação do projeto de petróleo offshore ameaça o mundo natural, mas pode manchar a nova imagem de Lula como defensor do meio ambiente.

A pedido da BP Energy do Brasil, iniciou-se em 2014 o processo de obtenção da licença ambiental do bloco FZA-M-59. Os direitos de exploração foram transferidos para a Petrobras em 2020.

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Suely Araújo, ex-chefe da organização ambiental e agora especialista em políticas públicas do órgão regulador do clima, disse que Agostinho fez a escolha certa não apenas para o projeto específico, mas também para o país.

“O desfecho desse caso abre espaço para um debate mais amplo sobre o papel do petróleo no futuro do país. É hora de estabelecer um calendário para eliminar os combustíveis fósseis e acelerar uma transição justa para países exportadores de petróleo como o Brasil. Uma nova exploração fronteira”, disse Araújo em comunicado. “Aqueles que dormem sonhando com a riqueza do petróleo hoje acordarão amanhã com ativos ociosos, ou desastres ambientais, ou ambos.”

Outros megaprojetos controversos na Amazônia em discussão incluem o realinhamento de uma rodovia que poderia atravessar a floresta tropical protegida, a construção de uma enorme linha férrea para transportar grãos e a renovação da licença de uma hidrelétrica gigante.

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A redatora da Associated Press, Eleanor Hughes, no Rio de Janeiro, contribuiu para este relatório.