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Onde está o ‘meu’ Brasil?  – DW – 29/10/2022

Onde está o ‘meu’ Brasil? – DW – 29/10/2022

O atual presidente Jair Bolsonaro enfrenta o candidato Lula da Silva no segundo turno de domingo.Imagem: Wesley Marcelino/REUTERS

Esse ainda é o “meu” Brasil? Uma terra de calor humano, entusiasmo e alegria de viver, por que senti tanto carinho? O país onde morei por oito anos, dei à luz dois filhos e encontrei o amor da minha vida?

Eu me pergunto isso porque o Brasil mudou. Há quatro anos, o presidente Jair Messias Bolsonaro está no poder. Há quatro anos, o país mostra um lado preocupante de si mesmo, afirmativo da vida.

Há quatro anos, novamente no primeiro turno desta eleição, milhões votaram em um homem que nunca escondeu seu desprezo pela humanidade. Frases como “A ditadura militar no Brasil cometeu um grande erro ao torturar em vez de matar” ou “Meus filhos não correm o risco de serem gays ou de ter uma namorada negra porque foram bem criados” diz tudo.

Outro é o Brasil

Ele descreveu a Covid-19 como uma “gripezinha” e seu comentário sobre o número de mortos pela pandemia – “Sério? Sinto muito por isso. Mas o que posso fazer? Meu nome poderia ser o Messias. [Messiah]Mas eu não faço milagre!” – mostre irresponsabilidade e falta de empatia. Mais de 600 mil pessoas morreram com a epidemia no Brasil.

Astrid Branch De Oliveira
Astrid Prange de Oliveira da DWImagem: Florian Görner/DW

A lista dessas citações confusas continua. Em 30 de outubro, Bolsonaro enfrentará seu rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em segundo turno. De acordo com a última pesquisa realizada pelo datafolha em 27 de outubro, será pescoço a pescoço. Lula tem atualmente 49% dos votos e Bolsonaro tem 44%.

No entanto, independentemente dos resultados das eleições de domingo, a pesquisa mostra que a população brasileira não é a única que se identifica com os valores e políticas desse autoproclamado patriota.

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“A Saída do Inferno”

No primeiro referendo de 2 de outubro, 51 milhões de pessoas (43%) votaram em Bolsonaro e 57 milhões (48%) em Lula. Um amigo meu brasileiro resume assim o clima atual em muitas partes do país: “Lula certamente não é a porta do céu, mas é a saída do inferno”.

Triste, mas é verdade: nos últimos quatro anos, muitos dos meus amigos brasileiros se sentiram como se estivessem vivendo no inferno. Todos eles perderam parentes para a pandemia de COVID-19. Agora seus filhos migraram porque não conseguem ver um futuro para si mesmos no Brasil.

Muitos brasileiros estão fartos do sofrimento humano, das intrigas políticas e da pobreza crescente. Eles devem retornar à esperança e à simpatia humana; Eles querem que a difamação e o abuso de oponentes políticos pare e a enxurrada de notícias falsas diminua.

Querem o fim da infiltração e desrespeito às instituições democráticas. Eles querem o fim da idealização da ditadura militar brasileira nos mais altos níveis – incluindo referências regulares à possibilidade de retorno de comandantes.

Lutando para proteger os direitos democráticos

Em 1989, ano em que me mudei para o Brasil, milhões de pessoas saíram às ruas para exigir eleições livres. Eles alcançaram seu objetivo. Em 15 de novembro de 1989, o Brasil realizou suas primeiras eleições livres desde o fim da ditadura militar.

Nos últimos quatro anos, muitos brasileiros se manifestaram mais uma vez – apesar de enfrentarem grande hostilidade – defender direitos e instituições democráticas. Admiro-os por sua perseverança, capacidade de enfrentar as adversidades e sua resistência. Este é o “meu” Brasil. Depois de quatro anos de Bolsonaro, ainda existe, graças aos esforços deles.

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Como muitos brasileiros, às vezes estou em desacordo com o país e às vezes sinto que estou me separando da minha segunda casa. Temo pelo “meu” Brasil. I perder isso muito.

Este artigo é traduzido do alemão.