Abril 27, 2024

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Imagem das agências militares piorou após repressão federal – Análise – Eurasia Review

Imagem das agências militares piorou após repressão federal – Análise – Eurasia Review

Por Luís Cláudio Ferreira

Quase 60 anos após o golpe militar de 1964 no Brasil, membros das forças armadas do país estão sendo julgados por tentativa de golpe. Opinião de três pesquisadores entrevistados pela Agência BrasilAs forças armadas enfrentam uma imagem manchada devido a investigações sem precedentes e detenções de altos funcionários militares.

O julgamento destes especialistas que examinam o papel das forças armadas, a investigação da polícia central sobre a tentativa de golpe e as prisões sancionadas pelo judiciário fazem história – e enviam uma mensagem à sociedade sobre o respeito pela democracia. .

Esta semana, a imprensa chamou atenção especial para o depoimento prestado à Polícia Federal por ex-comandantes de três ramos do Exército. A Polícia Federal não comentará as investigações em andamento. Outros militares estão sob investigação por possível envolvimento neste episódio e outros supostos crimes.

Na visão da professora Juliana Picado, coordenadora do Observatório Brasileiro de Segurança e das Forças Armadas da Universidade Federal de São Paulo (UNICEF), esses estudos devem impactar a forma como os brasileiros veem as Forças Armadas.

“É importante considerar que esse tipo de investigação, que inclui prisões preventivas de membros das Forças Armadas, é inédito. O Brasil não tem tradição de investigar e punir militares por crimes contra a democracia”, argumentou.

Segundo o professor Jono Roberto Martínez Filho, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), o caráter inédito do julgamento de militares pela Justiça civil difere de outro momento histórico, após o golpe militar de 1964, mais de 6 mil. Agentes militares foram presos e destituídos de seus cargos.

“Nesse episódio, esses agentes militares que se opuseram ao golpe foram interrogados e levados a julgamento pelos militares”, lembrou.

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Ele ressaltou que a investigação de generais de alto escalão do Exército levaria o episódio atual a outro nível.

justiça

A professora Ana Amélia Benito, membro do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), disse que mesmo dentro do sistema de justiça militar, houve muito poucos casos de condenação de funcionários civis. “Em geral, a justiça ‘funciona’ para os oprimidos”, disse o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Ele acredita que a investigação envia uma mensagem à sociedade de que os crimes cometidos por militares devem ser investigados da mesma forma que os civis.

O Professor Picadão defendeu que as investigações devem ser amplamente divulgadas e alcançar resultados reais para que não haja sentimento de impunidade. Os especialistas observaram que, devido à Lei da Amnistia (1979), nenhum membro das forças armadas foi responsabilizado pelos crimes cometidos durante a ditadura.

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Pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil afirmam que ainda não é tarde para mensurar o impacto exato desses episódios na imagem das Forças Armadas.

“Historicamente, os militares têm sido muito respeitados pelo público – não devido aos seus deveres, mas devido às actividades civis que realizam”, observou o Professor Benito.

Ele lembrou que os militares brasileiros eram conhecidos por atividades como o transporte de cestas básicas e a garantia de água para áreas remotas. Porém, ela entende que os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 fizeram cair o parecer favorável.

O professor João Roberto Martins Filho disse que as Forças Armadas enfrentam uma crise de imagem, dizendo que os comandantes estão prontos para lidar com os episódios recentes. “Houve policiais que ajudaram a prevenir o golpe.”

Quando a Operação Tempus Veritatis foi lançada pela Polícia Federal, em 8 de fevereiro, o Exército prometeu fornecer todas as informações necessárias.

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“Esta posição é adequada numa democracia”, afirmou o professor Picado. Ele observou que os militares demitiram comandantes alvo da repressão. “Representantes de alto escalão das forças armadas estão cooperando ou apoiando as investigações. Este é um sinal importante, uma atitude esperada dentro de um regime democrático”, disse ele.

Na opinião do Professor Benito, o 8 de Janeiro e os militares que se opuseram à tentativa de golpe defenderam os valores institucionais. “Acho que precisamos encontrar medidas para trazer ar fresco aos quartéis. Torná-los mais parecidos com uma comunidade e com o que está acontecendo nela”, disse ela.

Perigos da politização

O professor Picadão acredita que a raiz do problema está na politização das Forças Armadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Há mais militares em cargos governamentais do que durante o regime militar”, ressaltou.

O professor Benito defende a necessidade do isolamento militar nos quartéis. Segundo ele, os mundos civil e militar devem ser integrados nas áreas de formação militar e inteligência, justiça e orçamento. A politização, disse ele, não é um problema específico do Brasil.

Segundo o professor João Roberto Martins Filho, um exemplo importante é a Alemanha, que não permitiu a vinculação das Forças Armadas a partidos políticos, como aconteceu durante a era nazista. “Hoje, as forças armadas são culturalmente abertas e democráticas”.

O Ministério da Defesa não respondeu aos pedidos de comentários sobre a avaliação dos analistas sobre a deterioração da imagem das forças armadas.