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Explicador-O que Lula e Bolsonaro estão propondo para a política fiscal do Brasil?

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva propuseram mudanças no teto constitucional de gastos que definiu a política fiscal na maior economia da América Latina nos últimos seis anos.

O presidente do Brasil e candidato à reeleição Jair Bolsonaro e o ex-presidente do Brasil e candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva são fotografados juntos durante uma reunião do Partido Socialista Brasileiro (PSB) durante uma entrevista coletiva no Palácio da Alvorada em Brasília, Brasil , em 4 de outubro de 2022, em Brasília, Brasil, que o nomeou oficialmente como candidato do partido em 29 de julho de 2022. REUTERS/Adriano Machado e Wesley Marcelino

A seguir estão algumas das diferenças em suas propostas de políticas.

Qual é a política atual?

O Brasil alterou sua constituição em 2016 para estabelecer um ‘teto’ fiscal que permite apenas que os gastos do governo federal correspondam à inflação do ano anterior.

Os mercados financeiros têm visto o teto constitucional de gastos como a principal fonte de financiamento do Brasil nos últimos anos, mas políticos de todo o espectro o criticaram como uma camisa de força orçamentária durante crises econômicas.

Segundo muitos economistas, o Congresso de Bolsonaro fez deduções e mudanças no limite de gastos meia dúzia de vezes, minando a credibilidade da regra.

O que Bolsonaro propõe?

O presidente apoiou repetidas exceções ao atual teto de gastos, e seu ministro da Economia, Paulo Guedez, disse que está trabalhando em alternativas a serem implementadas em um segundo mandato.

“Você pode fazer algumas mudanças no teto de gastos, como proposto pelo grupo de Paulo Guedez, mas vamos deixar isso para ser discutido após a eleição”, disse ele em entrevista em junho.

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Guedes disse no mês passado que o teto de gastos deveria ser modificado para permitir que a receita da privatização de empresas estatais financie programas de assistência social ampliados.

Duas propostas importantes estão sendo desenvolvidas no Ministério da Economia, disseram autoridades, falando sob condição de anonimato para discuti-las. Ambos os planos terão como meta a dívida pública em relação ao produto interno bruto (PIB) como uma âncora fiscal de médio prazo para permitir flexibilidade fiscal de curto prazo.

De acordo com um plano desenvolvido por funcionários do Tesouro, os gastos públicos poderiam crescer em um determinado valor acima da inflação, desde que a dívida pública total permanecesse abaixo de uma certa parcela do PIB.

A Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério propôs uma alternativa flexível onde os gastos do governo podem crescer acima da inflação, dependendo tanto da taxa de crescimento econômico quanto da relação dívida total/PIB. Em caso de recessão, essa regra abre as portas para maiores gastos, independentemente do nível da dívida pública.

O que Lula propõe?

Lula, rival de esquerda de Bolsonaro, tem sido mais franco em suas críticas ao atual teto de gastos. Mas ele ficou de boca fechada quando pressionado por detalhes sobre quais novas regras financeiras ele proporia.

“Sou contra os limites de gastos”, disse ele a uma reunião de economistas no mês passado. “Se você é responsável, não precisa de um teto de gastos.”

Economistas do Partido dos Trabalhadores de Lula estão de olho em dois planos-chave que permitiriam mais gastos públicos para estimular o crescimento econômico e ao mesmo tempo mostrar um compromisso com a disciplina fiscal, disseram dois assessores à Reuters.

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Uma proposta inclui uma meta para o superávit primário do Brasil para que o governo possa gastar mais em uma crise econômica. Atualmente, a meta orçamentária primária é fixa, o que reduz as opções do governo para políticas anticíclicas.

A segunda proposta limitaria o crescimento dos gastos à inflação e algum outro indicador não especificado, permitindo aumentos reais nos gastos do governo.

Lula responderia a perguntas sobre responsabilidade fiscal apontando para sua trajetória como presidente. O Brasil registrou superávits orçamentários todos os anos durante sua presidência de 2003-2010, em parte devido aos fortes preços de suas exportações de commodities.

No entanto, sob seu sucessor no Partido dos Trabalhadores, a ex-presidente Dilma Rousseff, os gastos do setor público acabaram superando a receita. Os empréstimos de bancos estatais também prejudicaram a credibilidade financeira, contribuindo para uma recessão profunda.

Dilma Rousseff foi cassada por violar as regras financeiras. Em seu lugar, o ex-presidente Michel Temer passou o limite constitucional de gastos do país para re-ancorar a política fiscal.

Reportagem de Bernardo Caram; Redação e reportagem adicional de Marcela Ayers; Edição por Brad Haynes e Alistair Bell