Maio 3, 2024

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Em busca de restauração, Lula viaja à China

Em busca de restauração, Lula viaja à China

O líder de esquerda do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se encontrará com o presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim na próxima semana, onde espera impulsionar o comércio, discutir a mediação internacional na Ucrânia e restaurar o papel de seu país na geopolítica global.

Após um período de isolamento no governo de seu antecessor de extrema-direita, Jair Bolsonaro, Lula não perdeu tempo em reatar laços com aliados.

Com menos de três meses em seu último mandato como presidente, ele já visitou a Argentina e os Estados Unidos – uma viagem de seis dias à China, o maior parceiro comercial do Brasil, fundamental para suas ambições.

“A visita de Lula é um sinal muito claro de que ele quer um diálogo bilateral de alto nível e um aprofundamento dessa relação”, disse à AFP Evandro Menez de Carvalho, especialista em China da Fundação Getúlio Vargas.

As esperanças chinesas também são altas, dizem os analistas, já que as autoridades em Pequim veem o Brasil, um líder no Sul Global, como um revés em seus planos estratégicos e econômicos.

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A Ucrânia será um dos principais temas de discussão durante a visita, que começa oficialmente na terça-feira, já que Lula espera impulsionar seu plano de negociações de mediação para acabar com a invasão russa ao país.

Xi acabará de conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou no início desta semana, onde também se apresentou como um mediador da busca pela paz – embora não tenha feito nenhum progresso aparente.

Os aliados ocidentais da Ucrânia criticaram duramente a abordagem de Xi como apoio tácito à invasão de Moscou.

Mas Lula vê a China como um “aliado-chave” em sua própria tentativa de criar um grupo de países que buscam um acordo de paz negociado, disse o governo de Brasília em comunicado.

Lula, que já foi presidente do Brasil duas vezes, está ansioso para posicionar o gigante sul-americano como um intermediário, como fez em seu segundo mandato durante as negociações nucleares entre o Irã e os Estados Unidos.

No entanto, seu papel diplomático sofreu um golpe no ano passado, quando ele foi criticado por afirmar que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, compartilhava a “responsabilidade” de Putin pela guerra.

Ele também se recusou a se juntar ao Ocidente no envio de armas à Ucrânia para se defender.

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O comércio também estará no topo da agenda de Pequim, com a viagem de Lula à China com uma grande comitiva empresarial e ministerial.

Bolsonaro também visitou a China, mas essa relação azedou depois que ele se juntou ao então presidente dos EUA, Donald Trump, para culpar Pequim pela pandemia de Covid-19.

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No entanto, isso não afetou as transações comerciais, já que as transações comerciais no ano passado ultrapassaram US$ 150 bilhões.

O Brasil recebeu um impulso na quinta-feira, quando a China decidiu suspender a suspensão de um mês das importações de carne bovina brasileira depois que um caso “isolado” de doença da vaca louca foi confirmado em fevereiro.

O país “quer promover o comércio, focar na diversificação de produtos… mas trazer investimentos chineses e avançar em outras direções”, disse Menez.

Ele apontou a possibilidade de desenvolver tecnologias como semicondutores e inteligência artificial, ou reiniciar os planos de um trem-bala entre cidades brasileiras.

O Brasil foi o principal destino dos investimentos chineses na América Latina entre 2007 e 2020, com o Conselho Empresarial Brasil-China avaliado em US$ 70 bilhões.

Esse dinheiro foi investido principalmente na geração de petróleo e eletricidade, mas também na indústria automobilística, maquinaria pesada, mineração, agricultura e tecnologia da informação.

O Brasil é um grande mercado para empresas chinesas como a gigante tecnológica Huawei.

E um acordo entre os dois países para usar o yuan no comércio bilateral multibilionário ajudará a internacionalizar a moeda chinesa.

“O envolvimento bem-sucedido com o Brasil, mais do que qualquer outro país de seu tamanho e relacionamento, apóia os objetivos econômicos estratégicos globais da China”, disse Evan Ellis, especialista em China e Rússia no Centro de Estudos de Segurança Hemisférica em Washington.

“É certamente sobre economia e negócios e há uma grande parceria empresarial, mas não se deve esquecer que também há uma parceria estratégica”, com base no papel do Brasil como líder no Sul global, disse Ellis.

Lula priorizou a diplomacia multilateral em seus dois mandatos anteriores como presidente e visitou Pequim três vezes.

O grupo BRICS de economias emergentes formado por Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul foi formado.

Em Pequim, Lula também se encontrará com o premiê Li Keqiang e o presidente da Assembleia Popular, Zhao Leji.

Ele viajará para Xangai, onde sua aliada política doméstica, Dilma Rousseff, que se tornou presidente em 2011, assumirá a presidência de um novo banco de desenvolvimento chamado BRICS Bank.

Na volta para casa, Lula passa dois dias nos Emirados Árabes Unidos.

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