Maio 4, 2024

FVO Site

Encontre as últimas notícias do mundo de todos os cantos do globo no site FVO, sua fonte online para cobertura de notícias internacionais.

Primeira-dama do Brasil disfarçada e cria campeã da moda

Rosangela “Janja” da Silva, uma socióloga de 56 anos, mudou seu estilo para chamar a atenção quando seu marido, o veterano esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, tomar posse em 1º de janeiro.

O ativista trabalhista de longa data, que no ano passado se casou duas vezes com Lula, 77 anos, adotou seu visual discreto anterior.

Ela substitui jeans e tênis por um guarda-roupa cuidadosamente selecionado para defender suas causas favoritas, incluindo direitos das mulheres, povos indígenas e meio ambiente, sem falar nos estilistas brasileiros.

“A brasileira fez da moda um dos elementos que ela usa para desenvolver sua persona pública como feminista e progressista que se preocupa com questões sociais”, diz Benjamin Rosenthal, especialista em marketing pessoal da Fundação Getulio Vargas do Brasil.

Da Silva manteve a nação pendurada em suas escolhas de moda desde o dia do casamento em maio passado, quando ela e Lula interromperam uma cansativa campanha presidencial para oficializar seu relacionamento de cinco anos em uma glamourosa cerimônia privada em São Paulo.

Ela caminhou pelo corredor em um vestido branco esvoaçante com uma pequena joia vermelha em uma estrela bordada no ombro decotado – uma referência ao símbolo do Partido Trabalhista que os uniu.

Ela também usou uma sutil estrela vermelha na posse de Lula em janeiro – desta vez, em seus saltos altos de tiras.

Primeira-dama a usar calças

A primeira-dama – que não gosta do título, chamando-o de “patriarcal” – fez uma declaração ainda mais ousada no dia da posse vestindo calças, a primeira vez que a esposa de um presidente brasileiro não se vestiu para a cerimônia.

READ  Guedes diz que mandato de desastre apoiará programa de assistência social em 2023

Da Silva escolheu um terninho pérola cintilante das estilistas brasileiras Helo Rocha e Camila Pedrosa, mesma equipe que criou seu vestido de noiva.

“A calça é um símbolo da libertação da mulher”, diz Rocha.

“Em Brasília, até uns 20 anos atrás, as mulheres não podiam usar nem no Congresso”, onde Lula foi empossado.

O terninho de seda é delicadamente bordado com ruibarbo e planta tradicional brasileira, caju e desenhos tradicionais indígenas.

Da Silva chamou a atenção com uma blusa estampada com a imagem da ícone feminista do início do século 20, Maria Bonita; Blazer bordado por Cooperativa Feminina; uma saia ecológica feita com retalhos de tecido; e roupas feitas com roupas recicladas da marca brasileira Reptilia.

“Ela infunde o papel de primeira-dama com a praticidade de uma mulher que não tem medo de sujar as mãos”, diz a fundadora da Reptilia, Heloise Strobel, de 36 anos.

“Você nunca esperaria vê-la em um vestido justo.”

Uma representação mais precisa do traje típico usado por Michelle Bolsonaro, a devota esposa cristã evangélica do antecessor de da Silva, o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro (2019-2022).

Outra variação: Da Silva substituiu os tons pastéis preferidos de seu antecessor e trouxe cores vivas ao palácio presidencial.

Por exemplo, o interesse em Reptilia aumentou em janeiro depois que “Zanja” usou uma de suas peças – uma saia vermelha brilhante sobreposta – durante a primeira viagem oficial de Lula ao exterior para a Argentina.

“Quero levar estilistas brasileiros aonde quer que eu vá”, disse da Silva em entrevista à Vogue naquele mês.

Não apenas flips

Empresários da indústria têxtil e de moda de US$ 29,7 bilhões no Brasil estão felizes em receber apoio.

READ  Alcoa planeja reabrir fábrica de alumínio de alta altitude no Brasil

Da Silva “quer mostrar o que de melhor se faz no Brasil para além do monótono molde de palmeira”, diz Strobel.

Airon Martin, diretor criativo da Misci, outra marca favorita de Silva, concorda.

“O mundo conhece o Brasil como a terra dos chinelos e do carnaval. Mas temos uma indústria poderosa de artigos de luxo, sedas e algodões incríveis”, diz a jovem de 31 anos, que planeja levar suas criações para o exterior.

“A moda cristaliza um momento sociopolítico”, acrescenta.