Abril 28, 2024

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A poeira das colheitas será erradicada no Brasil, que é rico em pesticidas?

A poeira das colheitas será erradicada no Brasil, que é rico em pesticidas?

A utilização de pó agrícola no Brasil – o maior consumidor mundial de pesticidas – ajudou a alimentar a enorme indústria agrícola que sustenta a maior economia da América Latina. Mas com as crescentes preocupações de saúde pública, o futuro da prática está em dúvida.

À medida que os setores industriais e as comunidades locais se expandem até quase colidirem, os residentes são expostos a produtos químicos agressivos pulverizados pelo ar nas plantas.

“Quando os aviões sobrevoam nossas casas, sentimos os efeitos em nossa saúde: irritação nos olhos, alergias na pele, tosse”, disse Diógenes Rabello, chefe da seção paulista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, uma organização de reforma agrária.

Os críticos do método – oficialmente conhecido como fumigação aérea – obtiveram uma vitória em maio, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu a favor da proibição de 2019 no estado de Sierra, no nordeste do país. Outros estados estão considerando seguir o exemplo.

Mas a decisão provocou ondas de choque no gigantesco setor do agronegócio brasileiro, que consumiu quase 720 mil toneladas métricas de pesticidas em 2021, ou 20% do total global, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Para manter rendimentos elevados, o agronegócio – o motor da economia brasileira – depende do uso intensivo de pesticidas, especialmente aqueles administrados de cima. Os proponentes gostam de chamar os compostos de “protetores agrícolas” ou “produtos fitofarmacêuticos”.

A situação é delicada: o uso intenso de pesticidas é um dos principais argumentos apontados pelos opositores europeus nas negociações sobre um acordo de comércio livre entre a UE e o bloco comercial sul-americano do Mercosul.

A Europa proibiu em grande parte a pulverização de culturas desde 2009, citando efeitos negativos na saúde humana e no ambiente.

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Mas no Brasil, que tem a segunda maior frota agrícola do mundo depois dos Estados Unidos, a pulverização aérea ainda utiliza 25 a 30 por cento de pesticidas, de acordo com a associação nacional de companhias aéreas agrícolas do país.

– ‘Risco Regular’ –

No sudeste do estado de São Paulo – o segundo maior consumidor de pesticidas do país e onde a cana-de-açúcar ocupa cerca de 30% das terras agrícolas – o advogado Gabriel Lino de Paula Pires está investigando o uso de fumigação aérea na região do Pontal do Paranapanema. .

“Em 20 anos, essa cultura expandiu-se significativamente aqui, quase atingindo as fronteiras dos assentamentos (humanos)”, disse Byers à AFP.

A pulverização aérea de pesticidas num raio de 500 metros de cidades e aldeias e num raio de 250 metros de fontes de água é ilegal. Mas a poeira das colheitas “sempre apresenta um risco de (os produtos químicos) se afastarem do alvo pretendido”, disse Byers.

Na verdade, segundo Byers, devido aos padrões climáticos da região, “não é possível espalhar pesticidas (do ar) com segurança”.

Mas segundo Fabio Cagi, da Cintivac, que representa a indústria brasileira de defensivos agrícolas, “entre os métodos de pulverização, a aérea é a mais regulamentada”.

A pulverização de culturas é muito mais rápida do que a pulverização de pesticidas a partir do solo e pode atingir grandes áreas de difícil acesso por trator.

Segundo Kaki, os pilotos de aeronaves agrícolas devem ter licença especial e um engenheiro agrônomo deve estar presente durante os voos. Mas as autoridades públicas “não conseguem” regulamentar tais condições, afirma Byers, o advogado.

– Banido na Europa –

Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina descobriu que cerca de 30% dos pesticidas aéreos usados ​​nas plantações de cana-de-açúcar em cinco regiões de São Paulo em 2019 continham ingredientes ativos que poderiam causar câncer, destacando uma ligação potencial ao câncer acima da média nacional. evento nessas áreas.

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Segundo relatórios analisados ​​pela Defensoria Pública de São Paulo, a açucareira Terios Acucar e Energia Brasil utilizou tiametoxame, princípio ativo do agrotóxico, no Brasil.

O produto químico foi proibido na União Europeia em 2019 devido à sua toxicidade para animais aquáticos e riscos potenciais para a fertilidade humana e para o feto.

As empresas açucareiras brasileiras São Martinho e Usina Pitangueiras usaram um inseticida chamado Opera, de acordo com outros relatórios analisados ​​pela Defensoria Pública. Autoridades de saúde francesas disseram que o ingrediente ativo da ópera é cancerígeno e desregulador hormonal.

Contactado pela AFP, Terios insistiu que utiliza produtos “aprovados pelas autoridades brasileiras” e que “respeita conscientemente todas as suas recomendações de aplicação”.

A São Martinho disse ainda que segue “os regulamentos e orientações das autoridades competentes”, enquanto a Usina Pitangueras não respondeu aos questionamentos da AFP.

Apesar desses desafios em nível estadual para a poeira agrícola, os legisladores federais brasileiros estão atualmente considerando um projeto de lei para facilitar a aprovação de novos pesticidas.

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