BRASÍLIA, 2 de março (Reuters) – A economia do Brasil encolheu no quarto trimestre, afetada pela fraqueza industrial e pela desaceleração de todo o ano, mostraram dados do governo nesta quinta-feira, lançando uma sombra sobre as perspectivas de 2023 em meio a custos de empréstimos mais altos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou outra contração no trimestre atual, dizendo que não esperava uma desaceleração técnica, mas disse que a taxa de juros brasileira de 13,75% estava prejudicando o Brasil.
“Obviamente, manter as taxas (de juros básicas) neste nível leva a uma desaceleração da economia”, disse ele a repórteres, acrescentando que o governo está fazendo sua parte para abrir caminho para a desmonetização depois de retomar parcialmente os impostos federais sobre combustíveis. Melhorar o equilíbrio orçamentário.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,2% nos três meses até dezembro em relação ao trimestre anterior, disse a agência oficial de estatísticas IBGE, igualando uma previsão de declínio em uma pesquisa da Reuters com economistas.
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A maior economia da América Latina encolheu 0,3% na indústria no período, enquanto a agricultura e os serviços cresceram 0,3% e 0,2%, respectivamente, informou o IBGE.
A economia do Brasil cresceu 1,9% no quarto trimestre de 2021, ante um aumento de 2,2%.
Com isso, projeta-se que o PIB do país cresça 2,9% em 2022, perdendo força com a expansão de 5% pós-pandemia em 2021, mas ainda com desempenho melhor do que inicialmente estimado no início do ano passado.
Em 2022, o setor de serviços subiu 4,2% e a indústria registrou crescimento de 1,6%, enquanto a agropecuária caiu 1,7%, prejudicada pela queda na produção de soja, principal cultura brasileira.
Em linha com a demanda, o consumo das famílias aumentou 4,3%, os gastos do governo, 1,5%, e os investimentos, 0,9%.
João Savignon, chefe de Pesquisa Macroeconômica do Ginetro, disse que a economia ainda está perdendo força, mas a desaceleração do consumo das famílias e os melhores resultados agrícolas podem compensar parcialmente a desaceleração em 2023, levando a um crescimento de 1,2% do PIB.
Economistas privados consultados semanalmente pelo banco central esperam um leve aumento de 0,84% do PIB neste ano.
O desempenho anual de 2022 contou com a força do setor de serviços, que apresentou expansão em todas as atividades analisadas, além da melhora do mercado de trabalho e dos estímulos fiscais do ex-presidente Jair Bolsonaro em sua candidatura à reeleição.
O presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva venceu a eleição e, junto com ministros e aliados, argumentou que a economia do país sofreria se o banco central mantivesse a taxa básica de juros em 13,75%. Contra a inflação.
Em entrevista à rádio local BandNews FM, Lula voltou a criticar o Banco Central pelos atuais juros e alertou que o Brasil pode enfrentar uma crise de dívida “em breve” se os juros não forem cortados.
“Esse cidadão, que não foi eleito para nada, acha que tem poder para decidir as coisas”, disse Lula sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Este país não pode ser refém de um homem”, acrescentou.
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda alertou em nota que os atuais juros estão piorando as condições de crédito bancário e não bancário, colocando em risco a atividade econômica neste ano. Cigarro da dívida.
Por outro lado, a SPE destacou que a safra recorde de grãos deste ano e medidas do governo, como aumento do salário mínimo e maior isenção de imposto de renda para trabalhadores de baixa renda, ajudarão a impulsionar a atividade.
Reportagem de Marcela Ayers; Edição por Steven Gratton, Chisu Nomiyama, Sharon Singleton, Andrea Ritchie e Aurora Ellis
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