Maio 18, 2024

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Salvando o macaco dourado do Brasil, um corredor verde de cada vez

Salvando o macaco dourado do Brasil, um corredor verde de cada vez

RIO DE JANEIRO – Dezenas de jovens se ajoelharam sob o sol escaldante no interior rural do Rio de Janeiro esta semana para plantar uma calçada verde que seria um caminho futuro seguro para o mico-leão-dourado, uma espécie icônica e ameaçada de extinção.

As 300 mudas de árvores plantadas esta semana – atualmente com apenas alguns centímetros de altura – acabarão por conectar as duas florestas. É o mais recente de uma série de esforços de desenvolvimento florestal conduzidos por ambientalistas para fornecer um habitat cada vez maior para o macaco.

Até recentemente, a terra nua e seca que estavam replantando pertencia a um fazendeiro que cortava as árvores para pastar o gado.

Séculos de desmatamento desenfreado dizimaram este trecho da Mata Atlântica do Brasil, o único lugar no mundo para o minúsculo macaco cor de cobre com sua juba sedosa. Com menos de 5.000 indivíduos, é considerada uma espécie em extinção.

“A fragmentação florestal é um dos maiores problemas”, disse Luis Paulo Ferras, diretor executivo da Associação Mico-Leão-Dourado, conhecida pela sigla em português AMLD. “Caso contrário, os macacos começariam a acasalar dentro das suas próprias famílias.”

Feras diz que os macacos têm muito medo de atravessar as poucas centenas de metros de terreno descoberto que às vezes separa duas ilhas de vegetação verde, temendo que possam se tornar presas de predadores maiores, como grandes felinos. Daí a necessidade de um corredor verde.

A bisneta de Charles Darwin, Sarah Darwin, elogiou seus esforços na sexta-feira. Um punhado de jovens naturalistas juntou-se ao botânico britânico na viagem de barco que Charles Darwin fez há quase 200 anos, que levou à sua teoria da evolução.

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“Ele chegou à floresta brasileira da Mata Atlântica e teve um momento de clareza. Uma experiência suprema, onde se sentiu em harmonia com a natureza”, disse Darwin ao entrar na floresta, conhecida por sua surpreendente diversidade de musgos, samambaias e outras espécies. . Plantas. Na copa acima, macaquinhos dourados com longas caudas saltavam de galho em galho. “Uma das experiências mais duradouras de sua vida”, acrescentou.

Antes da colonização pelos portugueses no século 16, a Mata Atlântica cobria uma área de 330 milhões de acres (500.000 milhas quadradas) ao longo e próximo à costa do Brasil. De acordo com a The Nature Conservancy, menos de 15% disso permanece hoje.

Feras disse que os tigres-leões-dourados são encontrados em uma área limitada da Mata Atlântica, onde a floresta tem apenas 2% do seu tamanho original.

As plantações de cana-de-açúcar e café foram os principais impulsionadores do desmatamento inicial. Depois veio o desenvolvimento urbano e a pastagem de gado. Na década de 1970, quando os cientistas iniciaram os esforços para salvar a espécie, restavam apenas 200 tigres-leões-dourados, segundo a AMLD.

No Brasil, o animal se tornou um símbolo da conservação da vida selvagem, inclusive figurando no projeto de lei de 20 fatos do país.

Mais recentemente, organizações sem fins lucrativos de ciência e conservação têm comprado terras a agricultores e pecuaristas, que depois reflorestam uma área de cada vez. Eles compraram o primeiro lote de 137 hectares (339 acres) em 2018 e 180 hectares (445 acres) em novembro.

Este processo é lento e caro porque requer manutenção pesada e regular, principalmente nos primeiros anos. Mas vale a pena.

No terreno, os morros nus adquiridos pela AMLD em 2018 começaram a ser reflorestados no ano seguinte, recuperando a sua cor verde vibrante, cobertos de florestas saudáveis ​​e lar de muitas espécies animais, graças às câmaras de visão noturna.

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Apesar do pior da febre amarela em 2018 – quando a população caiu mais de 30% em poucos meses – existem agora mais micos-leões-dourados do que em qualquer momento desde que os esforços de conservação começaram.

De acordo com a última pesquisa da associação publicada no início deste ano, existem cerca de 4.800 indivíduos.

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O produtor da Associated Press, Dearly Rodriguez, contribuiu para este relatório.