BUENOS AIRES/SÃO PAULO, 3 Mar (Reuters) – O Brasil aprovou o cultivo e a venda de trigo geneticamente modificado resistente à seca, um grande impulso para a cultura outrora proibida, à medida que os temores de oferta global de alimentos e o clima seco regional aumentam o apelo de OGM.
A aprovação, emitida pela agência de biossegurança CTNbio, torna o Brasil o segundo país depois da Argentina a plantar a linhagem de trigo HB4 da Bioceres ( BIOX.O ). Outros mercados o aprovaram para consumo.
O Brasil é um dos maiores mercados consumidores e exportadores de alimentos do mundo. Embora o sinal verde não signifique que o Brasil em breve cultivará trigo transgênico para produção, representa uma grande mudança de atitude quanto às preocupações com a mudança climática e uma crise global de alimentos agravada pela guerra na Ucrânia.
O trigo transgênico nunca foi cultivado para fins comerciais devido ao medo do consumidor de alergias ou toxicidade na cultura básica usada para pães, massas e doces em todo o mundo. Produtos biotecnológicos como milho e soja, ração animal, biocombustíveis e óleo de cozinha são comuns.
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A Bioceres disse em comunicado na sexta-feira que a aprovação “abre o mercado brasileiro para a tecnologia” e ajudará a facilitar a comercialização da cepa na Argentina. Ambos os países dominam a produção de trigo da América do Sul.
A empresa de fitogenética Tropical Melhoramento e Genética, sócia brasileira da argentina Bioceres, fez o pedido de aprovação.
Uma calorosa recepção
A Abimafi, associação que representa os fabricantes de biscoitos, massas, pães e bolos no Brasil, disse que a aprovação pode aumentar o abastecimento interno, o que reduziria os custos da indústria.
A associação já era contra a aceitação do trigo transgênico, mas mudou de posição depois que uma pesquisa mostrou que mais de 70% dos brasileiros não se importariam em consumir produtos que o contenham.
O Brasil cultiva trigo doméstico usando plantas convencionais adaptadas às condições climáticas locais, mas ainda depende da Argentina como fornecedora para importações substanciais.
O Brasil cultiva trigo em cerca de 3 milhões de hectares (741.316 acres), principalmente nos estados do sul do Rio Grande do Sul e Paraná.
Culturas tolerantes à seca, como trigo, milho e soja, podem atrair agricultores em áreas que enfrentam escassez de água. Na Argentina, a seca reduziu pela metade a safra de trigo desde o ano passado.
A Bioceres disse que seu trigo transgênico “apresentou rendimentos mais altos do que as variedades convencionais em todos os ambientes, com uma melhoria média de rendimento de 43% nos ambientes alvo”.
Em novembro de 2021, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a permitir a importação de farinha de trigo GM.
O grupo industrial de farinhas do Brasil, Abidrico, também elogiou a decisão, dizendo que resolveu “o risco de conflitos regulatórios” porque as importações de farinha foram aprovadas antes que o trigo HB4 da Bioceres fosse efetivamente usado no país.
“A aprovação para plantar, importar e comercializar o trigo transgênico resolve esse problema, trazendo tranqüilidade aos diferentes atores do mercado”, disse Abidrico em comunicado. “A palavra final é do consumidor.”
Reportagem de Maximilian Heath em Buenos Aires e Ana Mano em São Paulo; Edição por Steven Gratton, Adam Jordan e John Harvey
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