Um projeto de lei dirigido às minorias religiosas proíbe “qualquer alteração, edição, supressão, adição ou adaptação dos textos da Bíblia Sagrada”.
Por Massimo Introvigne
“Mais de 89% dos brasileiros consideram a Bíblia sagrada. Consequentemente, qualquer alteração na redação deste livro constitui um ato inaceitável. É por isso que o Legislativo do estado de Pernambuco está sendo solicitado a promulgar uma lei que criminalizaria a “degradação” da Bíblia.
“Fica proibida a alteração, edição, supressão, acréscimo ou adaptação dos textos da Bíblia Sagrada, visando manter a integridade dos capítulos e versículos e assegurar a pregação de todo o seu conteúdo no território do Estado. Projeto apresentado pelo deputado estadual Clayton CollinsQuem é um evangelista?
Seria um erro descartar Collins como irrelevante. Filiado ao Partido Progressista, pró-Bolsonaro, é ex-presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Ele foi eleito seis vezes consecutivas e foi o segundo candidato mais votado nas eleições estaduais de 2018, com mais de 100.000 votos.
Em comentários enviados junto com o projeto de lei, Collins argumentou: “Para os cristãos, a Bíblia é mais do que um livro de belas histórias, pois as Sagradas Escrituras são mandamentos de fé e prática que todos os crentes devem seguir. Certezas bíblicas.”
O padre sabe que católicos e protestantes têm Bíblias diferentes. “A Bíblia evangélica, composta pelo Antigo e Novo Testamentos”, diz ele, “compõe-se de 66 livros, 1.189 capítulos e 31.102 versículos. Por outro lado, a Bíblia católica tem 73 livros, distribuídos em 1.330 capítulos e 35.527 versículos. . No entanto, ele vê “unidade de idéias e princípios entre as várias seitas, o que torna a Bíblia Sagrada um livro inviolável. Nesse sentido, todos os cristãos acreditam na existência de um só Deus, o Soberano, Criador do Universo, do Céu e da Terra, e no poder de Seu único Filho, Jesus Cristo, o Redentor da humanidade, por meio do qual todos os outros filhos existem. Acesso à salvação se acreditarem nesses princípios.”
Collins acredita que católicos e protestantes podem concordar em fazer da Bíblia “um objeto inviolável”. Em outras palavras, ele os acusa de “alterar” as traduções das Testemunhas de Jeová, Santos dos Últimos Dias (Mórmons), Igreja da Unificação/Coalizão Familiar e contra-seitas evangélicos (e às vezes católicos). Adicionar novas escrituras à Bíblia ou seus cânones.
O projeto de lei é inconstitucional porque os livros da Bíblia fazem parte do cânon, pedindo aos juízes seculares que decidam qual tradução é correta ou não. No entanto, o fato de um importante legislador estadual ter proposto isso confirma que a intolerância religiosa é um problema sério no Brasil.
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