Abril 19, 2024

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EXPLICATIVO – A volta do ex-presidente Lula pode significar um Green New Deal para o Brasil?

Os eleitores do Brasil vão às urnas em outubro, com a chance de decidir se querem entregar um segundo mandato de quatro anos ao presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.

Sob Bolsonaro, as taxas de desmatamento na Amazônia aumentaram quando o presidente, que tem laços estreitos com a poderosa indústria agrícola do país, apóia a expansão agrícola e pecuária na região. Os críticos também o acusam de promover mineração e extração ilegal de madeira na Amazônia, enfraquecer as agências ambientais e ignorar as preocupações das comunidades indígenas brasileiras com a crescente invasão de suas terras.

Tais preocupações mancharam a imagem do Brasil internacionalmente e também aumentaram a preocupação interna, com a proteção da Amazônia – a maior floresta tropical do mundo – vista como crucial para conter o agravamento dos impactos das mudanças climáticas. Pesquisas mostram Bolsonaro mais de 10 pontos atrás do principal candidato da oposição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), de esquerda.

Observadores políticos dizem que Lula, que governou de 2003 a 2010, tem uma chance real de se tornar presidente do Brasil novamente – e ele pode fazer do green shift uma parte fundamental de sua plataforma. Aqui está o que os eleitores podem esperar dele em um segundo mandato, de acordo com políticos, membros do PT e dois de seus três ex-ministros do Meio Ambiente:

QUANDO A POLÍTICA AMBIENTAL ESPERADA DE LULA SE TORNARÁ PÚBLICA? Antes do dia da eleição, os candidatos devem apresentar um programa descrevendo seu plano para o cargo. Nas últimas eleições, em 2018, o PT de Lula apresentou o plano em agosto.

A apresentação deste ano deve seguir o plano “Reconstruir e Transformar o Brasil” do partido, criado em 2020, disseram membros do partido. Mas os detalhes ainda não foram desenvolvidos, pois precisam ser negociados com aliados de outras partes. Ainda assim, “na área ambiental, é essencial, além de combater a devastação ambiental causada pelo atual governo, promover um Green New Deal” incluindo uma “transição ecológica para uma economia de baixo carbono”, observou o documento de 2020.

COMO SERIA UM NOVO NEGÓCIO VERDE BRASILEIRO? No final de 2021, a taxa de desemprego no Brasil era de cerca de 11%, o que significa que cerca de 12 milhões de pessoas não tinham emprego.

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A criação de empregos verdes na região amazônica será uma prioridade para o Partido dos Trabalhadores de Lula, disse Nilto Tatto, deputado do PT e respeitado ambientalista no Brasil. Para cumprir as obrigações do Acordo de Paris de ajudar a conter as mudanças climáticas, o Brasil precisa restaurar cerca de 12 milhões de hectares de florestas – mas sob Lula essa meta pode subir para 17 milhões de hectares, previu Tatto.

O replantio de florestas pode gerar até 2 milhões de empregos em regiões pobres afetadas pelo desmatamento, disse ele. A agrofloresta – ou plantio de árvores com culturas agrícolas – também deve desempenhar um papel, disse Penildon Silva Filho, secretário nacional de meio ambiente e desenvolvimento do PT.

A criação de cooperativas para aumentar o emprego e a renda em torno de produtos como o açaí, uma palmeira amazônica hoje popular em todo o mundo por seus benefícios à saúde, poderia ajudar a desenvolver a região sem derrubar árvores, disse Silva. “O lucro do açaí é cinco vezes maior do que o da soja e 10 vezes maior do que o da pecuária”, acrescentou. “É possível desenvolver, gerar emprego e preservar a floresta.”

Sob Lula, o Brasil também reabriria seu Fundo Amazônia, anteriormente usado por outras nações para pagar ao Brasil para monitorar e combater o desmatamento, a fim de combater as mudanças climáticas e proteger a biodiversidade. O fundo foi suspenso pelo governo Bolsonaro em 2019, depois que grandes doadores como Noruega e Alemanha retiraram suas contribuições diante da aceleração do desmatamento.

Uma vez restaurado, o fundo poderia ser usado para desenvolver um sistema de pagamento para comunidades florestais e outras que protegem a Amazônia. Antes de pedir novas contribuições, no entanto, o Brasil terá que reduzir as taxas de desmatamento e repensar como funciona sua agricultura, disse Tatto.

Mas disse estar confiante de que, sob Lula, “o Brasil vai cumprir essa agenda (ambiental) e abrir as portas para oportunidades de investimento”. O QUE PODE ACONTECER NOS PRIMEIROS MESES DE LULA NO GOVERNO, SE ELE FOR ELEITO?

Muitas das medidas de Bolsonaro para enfraquecer a política ambiental vieram na forma de decretos – incluindo medidas recentes para permitir a expansão da mineração de ouro na Amazônia. Uma vez no poder, Lula poderia desfazê-los com uma simples assinatura, disseram analistas políticos.

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https://apnews.com/article/jair-bolsonaro-business-forests-environment-brazil-2c890245bc27d3384159df1a0d416122 Tanto Tatto quanto Silva disseram acreditar que Lula poderia impor uma moratória ao desmatamento na região amazônica. Mas como a maior parte do desmatamento é ilegal, a medida provavelmente terá um pequeno efeito imediato direto, embora envie uma mensagem poderosa.

Além disso, desde que Bolsonaro assumiu o cargo, nenhum novo território indígena foi reconhecido, apesar de centenas de comunidades indígenas com longos laços históricos com suas terras buscarem esse reconhecimento formal. Sob Lula, isso mudaria, disse Tatoo.

“Isso você pode anotar: em um governo Lula, o processo de demarcação de terras indígenas… será retomado”, disse. “Os povos tradicionais são nossos parceiros na preservação da biodiversidade.” COMO O DESMATAMENTO PODE SER REDUZIDO?

Críticos dizem que Bolsonaro enfraqueceu as agências ambientais do Brasil – Ibama e ICMBio – e a agência de assuntos indígenas do Brasil, Funai. Sob Lula, os novos nomeados chefiariam esses órgãos. A reconstrução das agências – que tiveram saídas significativas de funcionários sob Bolsonaro – levará mais do que alguns meses, e o corte das taxas de desmatamento levará ainda mais tempo, disse Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff.

Mas Teixeira disse que espera alguma demonstração de força para sinalizar à comunidade internacional que “o Brasil está de volta” na tentativa de combater as perdas florestais. Isso pode significar operações iniciais em larga escala para combater o desmatamento ou a mineração ilegal, disse ela, bem como um impulso em direção a um Green New Deal para os brasileiros.

“Depois (das operações), você tem que iniciar um processo de inclusão e desenvolvimento social, para estabelecer confiança, porque o governo Bolsonaro não apenas destruiu a credibilidade do Brasil no exterior, mas também quebrou a confiança que os brasileiros têm (em seu governo)”, disse ela. QUAL O REGISTRO DE LULA NO MEIO AMBIENTE?

Em seu mandato anterior, o governo Lula reduziu a taxa de desmatamento no país, capacitou os órgãos ambientais e aprovou algumas leis importantes. Mas o presidente também abriu a Amazônia para grandes hidrelétricas e promulgou controversamente uma lei permitindo o plantio de soja geneticamente modificada no Brasil.

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Em 2008, a primeira ministra do Meio Ambiente de Lula, a ambientalista nascida na Amazônia, Marina Silva, renunciou após cinco anos no cargo, alegando falta de apoio do presidente. O sucessor de Silva, Carlos Minc, lembra que durante seu mandato – entre 2008 e 2010 – surgiram várias disputas entre seu órgão e o Ministério da Agricultura.

Lula frequentemente mediava os conflitos que podiam durar meses e “ganhei a maioria das batalhas”, disse Minc. “Se naquela época (Lula) nos deu força, por que agora, depois do IPCC, da ONU, das metas, Biden, ele retrocederia?” disse ele, referindo-se aos avanços científicos e políticos na atuação na proteção da natureza, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.

QUÃO SÉRIO É O COMPROMISSO DE LULA COM OS OBJETIVOS VERDES? No ano passado, Minc se encontrou com Lula e os deputados Alessandro Molon no Rio de Janeiro. Lá Molon – um ex-membro do PT – deu a Lula um documento “Green New Deal” que ele havia escrito e deveria apresentar na reunião climática da COP26 em Glasgow.

Escrito por economistas brasileiros em coordenação com Molon, o documento estimou que o Brasil poderia criar 9,5 milhões de empregos até 2030 ao tornar sua economia mais verde adotando um conjunto de cerca de 30 medidas. Algumas seriam grandes mudanças, como tornar 10% da frota de carros do Brasil elétrica, e outras mais simples, como ensinar crianças em idade escolar sobre a necessidade de uma “transição justa” para uma economia de baixo carbono.

Minc lembra que Lula se interessou muito pelo documento. “Claro, Lula não vai se tornar um ambientalista”, disse Minc, lembrando que, como ex-líder sindical, a principal preocupação de Lula são os empregos.

Mas “quando você fala com Lula sobre a criação de milhões de empregos verdes, seus olhos brilham”, acrescentou.

(Esta história não foi editada pela equipe do Devdiscourse e é gerada automaticamente a partir de um feed distribuído.)